sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O LUGAR DO DESENHO TÉCNICO NA EDUCAÇÃO

1 Introdução A frágil presença do Desenho na educação brasileira tem sido tema de debate nos últimos anos, contudo, as evidências apontam para poucas mudanças no panorama nacional, especialmente na Educação Básica. Em artigos publicados nas edições dos anos de 2000 e 2001 do GRAPHICA, propusemos uma reflexão sobre o lugar do Desenho no Ensino Fundamental e Médio, a partir da análise dos Parâmetros Curriculares Nacionais para estes níveis da educação (PCN e PCNEM), nos quais evidenciamos que, apesar da presença dos conteúdos relativos ao Desenho (seja de domínio Técnico ou Artístico) nos textos oficiais, este perdeu o status de disciplina obrigatória na estrutura educacional brasileira. Com as alterações propostas para a Educação Profissional de Nível Médio, que tem por finalidade proporcionar habilitação profissional para os alunos egressos do Ensino Médio, constatamos a presença do Desenho Técnico na estrutura curricular dos cursos deste nível, através da qual, podemos visualizar aspectos favoráveis à recuperação de discussões que permeiam o ensino e aprendizagem do Desenho na educação brasileira, tomando como referência a necessidade desta linguagem na formação para o trabalho. 2 O Desenho e mundo do trabalho A ligação do Desenho com o mundo do trabalho é evidenciada ao longo da história evolutiva do homem, e são diversos os exemplos que ratificam a necessidade dessa conexão para o pleno desenvolvimento das ciências e das tecnologias. Este fator serve de justificativa para que os países que se destacam enquanto potências industriais, nomeadamente os pertencentes à União Européia, mantenham o Desenho em suas estruturas curriculares, diferentemente do Brasil, que ao longo das últimas décadas vem promovendo a desvalorização do Desenho na estrutura educacional, remetendo-nos às concepções estabelecidas nos mais longínquos períodos históricos, quando o Desenho, por ser considerado uma habilidade manual, tinha menor importância se comparado às habilidades intelectuais. De acordo com as necessidades dos mais variados ramos profissionais, o Desenho se adequou, e longe de ser descartável, consolida a sua importante presença nos processos de evolução que a humanidade vem sofrendo através dos tempos, mesmo quando assume outras denominações impostas pela especificidade de algumas áreas do conhecimento. 2.1 Concepções do Desenho relacionadas ao trabalho A histórica concepção que referencia a distinção entre o Desenho ligado à atividade artística e à atividade técnica, além de seus desdobramentos frente à vinculação deste com o trabalho, pode ter, nesta seara, a justificativa para o lugar que o Desenho vem ocupando na educação brasileira, mesmo sem aprofundarmos aqui questões outras que dizem respeito aos aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais, reconhecemos estes como fundamentais para uma melhor compreensão do tema em abordagem. Guimarães (1996) considera que a origem de tal distinção baseia-se na “duplicidade dos conceitos do desenho enquanto técnica e desenho enquanto projeto (invenção)”, uma herança platônica, através da qual estabelecia-se a diferença entre as artes servis e liberais, pois para Platão (427-347 a. C) situavam-se nas artes servis, a pintura e a escultura, e nas liberais, a poesia e a música. A autora [1] salienta ainda que este pensamento avançou entre os séculos XII e XIII, ocasionado a divisão das atividades humanas nas categorias “operativas, que regem o uso das mãos, e as liberais, ligadas à atividade mental”. A atividade mental dividida em Trivium, compunha-se da gramática, da dialética e da retórica, e em Quadrium, envolvendo a geometria, a aritmética, a astronomia e a música, sendo estas, a base para o ensino da universidade medieval, através da qual, a música incluiu-se na segunda categoria, considerada nobre por sua estreita ligação com a geometria. No período Medieval, caracterizado pelos padrões religiosos da cultura, nas artes servis estavam o teatro e a arquitetura ao lado da agricultura, caça, navegação e medicina, e nas artes liberais estava a música ao lado da gramática, retórica, dialética, geometria, aritmética e astronomia. No Renascimento, as atividades manuais eram vistas como atividades inferiores, e as atividades do intelecto como superiores. Gomes (1996) citando a indignação de Leonardo da Vinci diante da falta de apreço de intelectuais da sua época “por todos aqueles que trabalhavam, apenas, aparentemente com as mãos” [2] nos chama atenção sobre alguns contextos culturais atuais que revestem de maior importância social os poetas, escritores e filósofos. O autor enfatiza o surgimento, na Europa, a partir do século XVI indo até o final do século XIX, da divisão entre as “artes do desenho” consideradas como “altas artes do desenho” a arquitetura, a pintura e a escultura, e como “baixas artes do desenho”, também chamadas artes do ornamento, os ofícios voltados à feitura e decoração de artefatos do cotidiano, mais tarde denominados de “artes decorativas” e, posteriormente, de “artes industriais”. A Revolução Industrial impele a estruturação do Desenho enquanto linguagem técnica, originando assim o Desenho Técnico, como afirma Naveiro (2001) (...) até a Revolução Industrial, o design e a manufatura eram atividades inseparáveis praticadas pelos artesãos. Mais tarde, com o surgimento dos “Princípios da Administração Científica” de Taylor, no final do século XIX, é rompido o elo que unificava as atividades de design e manufatura, separando a concepção da execução. Como conseqüência dessa ruptura surge a necessidade de se criar um meio não ambíguo de comunicação entre o projeto e a produção. [3] 2.2 Desenho na educação e a industrialização no Brasil No livro “Desenho: “Um revolucionador de idéias [120 anos de discurso brasileiro]/Rui Barbosa”[4], o diretor editorial da referida publicação, Luis Vidal de Negreiro Gomes, recupera o pensamento de Rui Barbosa sobre a importância do ensino do Desenho para o desenvolvimento industrial brasileiro, um exemplo que data do século XIX, através do qual podemos perceber que as discussões sobre a ligação do Desenho ao desenvolvimento industrial no Brasil precisam ser retomadas. Na citada publicação, é destacado que durante a década de 1880, quando deputado geral, Rui Barbosa integrou a Comissão de Instrução Pública na Câmara dos Deputados e elaborou pareceres e projetos sobre a Reforma do Ensino, demonstrando sua preocupação com a emancipação econômica do Brasil na transição da economia baseada na produção agrícola para a industrial, e, alertava ainda a para notabilidade do estabelecimento do ensino técnico como base para a industrialização. Em seu cuidadoso trabalho, o notável baiano apresenta dados sobre o crescimento econômico de países como a Áustria, Alemanha, Hungria, Suíça, Holanda, Bélgica e França que, centrados na necessidade de implementar a industrialização, investiram na educação valorizando o Desenho como elemento integrante de toda a instrução. Reconhecido pela civilização daquela época como uma das bases primordiais da cultura escolar, o Desenho era essencial propulsor do desenvolvimento econômico dos Estados, por essa razão, o autor em epígrafe refletia sobre a situação do Brasil, afirmando que: (...) sob o domínio do erro crasso que vê no desenho uma prenda de luxo, um passatempo de ociosos, um requinte de distinção reservado ao cultivo das classes sociais mais ricas, ou à vocação excepcional de certas naturezas privilegiadas para as grandes tentativas de arte. Não percebem que, pela simplicidade das suas aplicações elementares, ele tem precedência à própria escrita; que representa um meio de fixação, reprodução e transmissão de idéias indispensáveis a todos os homens, e especialmente indispensável às classes laboriosas; que as aptidões naturais, de que depende o seu estudo, são comuns a todos os entendimentos, e de uma vivacidade particularmente ativa nos primeiros anos da existência humana. (BARBOSA/Gomes, 2000, p. 33) Contudo, só iremos observar o início da estruturação do ensino industrial no Brasil durante a década de 1940, quando a indústria pesada (aço, mecânica) desenvolve-se sob a égide do governo, que, até aquele momento, era realizada através de escolas de aprendizes artífices, algumas mantidas pelos governos federal e estadual, e outras por instituições privadas (religiosas e laicas), ensinando ofícios a menores que não trabalhavam, concomitantemente ao ensino primário, como afirma Cunha (2000) No intuito de padronizar o ensino de ofícios, o ministro da Educação organizou uma comissão para elaborar um projeto das diretrizes do ensino industrial em todo o país, abrangendo as escolas mantidas pelo poder público e pelos particulares. Em fins de 1941, a comissão concluiu o anteprojeto de “lei” orgânica do ensino industrial que foi submetido ao presidente da República, em princípios de janeiro, juntamente com o projeto que criava o Senai. [5] A Reforma de Capanema criou o curso científico composto de três séries, nas quais, o ensino do Desenho era obrigatório, o ensino primário passou a ser de caráter geral e o ensino profissional, através do Decreto-lei nº. 4078 de 30 de janeiro de 1942, foi deslocado para o grau médio. No cenário educacional brasileiro da década de 1950, apenas na Bahia os alunos do curso primário e de 5ª e 6ª série tiveram a oportunidade de ter contato com as técnicas relacionadas à indústria através das artes industriais. Embora estas técnicas não objetivassem a formação profissional, como ocorria no ensino secundário, elas foram oferecidas através do plano de educação do baiano Anísio Teixeira, com a implantação do Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador, mais conhecido como “Escola Parque”, quando o Desenho pode ser visualizado naquelas séries do ensino obrigatório. Foi na década de 1950 que o ensino e aprendizagem do Desenho Técnico tiveram grande relevo na educação brasileira, este decorrente da política implementada durante o governo do presidente Juscelino Kubistchek. Nesta ocasião, com base no Plano de Metas que definia como principais objetivos do governo JK, os setores de energia, transporte, indústria, educação e alimentação, o governo promoveu uma nova revolução industrial no Brasil, quando como afiançam Vincentino e Dorigo (2001), “fortaleceu-se a indústria de bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos), quase sempre nas mãos de empresas multinacionais” [6]. Com a exaltação da técnica e da racionalidade, passa-se a exigir do setor educacional, o desenvolvimento da racionalidade e da produtividade, conferindo papel de destaque ao ensino e aprendizagem do Desenho Técnico. A partir da implantação da Lei nº. 5.692 em 1971, o ensino do Desenho passou a ser ministrado, através de seus conteúdos, nos programas curriculares de Matemática e Artes no ensino da 5ª a 8ª série do 1º grau. No ensino de 2º grau, na primeira série prevaleciam as mesmas modalidades do 1º grau, esta considerada de formação geral e que compunha o núcleo comum dos cursos científico e de formação profissional. Nas séries seguintes, nas grades curriculares dos cursos técnicos profissionalizantes, o Desenho era oferecido através das modalidades: Desenho Técnico, Desenho Arquitetônico, Desenho de Instalações Elétricas, Hidráulicas, entre outras, atendendo as especificidade de cada curso. Com a promulgação da LDB nº. 9.394/96 e a reestruturação do sistema educacional brasileiro, o Desenho passa, mais uma vez, por um período de desvalorização nos currículos escolares, especialmente nos da Educação Básica, e com as novas exigências impostas pela legislação, os cursos técnicos que eram realizados a partir do segundo ano do 2º grau deixam de existir em muitas escolas. 3 Educação Profissional: valorização do Desenho Técnico? De acordo com o Decreto nº. 5.154 de 23 de julho de 2004, que revogou o Decreto nº. 2.208/97, atualmente no Brasil a educação profissional está estruturada em três níveis: (i) formação inicial e continuada de trabalhadores; (ii) educação profissional técnica de nível médio; e (iii) educação profissional tecnológica de graduação e de pós-graduação. A Educação Profissional Técnica de Nível Médio articula-se com o Ensino Médio, é acessível “somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental”, e os estudos deste nível poderão ser realizados durante o período em que o aluno cursa o Ensino Médio ou após a sua conclusão. Segundo o INEP - Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o censo da Educação Profissional de 1999 apontou a existência de 3.948 instituições de ensino profissionalizante a atuarem nos níveis “Básico, Técnico e Tecnológico” em todo país. No estado da Bahia, foram encontradas 95 instituições, sendo 50 do nível Técnico, nas quais foram identificados 108 cursos com um total de 11.399 matrículas no ano de referência da pesquisa. 3.1 Educação Profissional no CETEB - Feira de Santana A partir das alterações propostas pelo MEC, no que tange a reestruturação das instituições destinadas ao Ensino Profissional de Nível Médio, ainda sob a vigência do Decreto nº. 2.208/97, foi criado no município de Feira de Santana, Bahia, o Centro de Educação Tecnológica do Estado da Bahia, CETEB Áureo de Oliveira Filho, nas instalações onde funcionava a Escola Técnica Áureo de Oliveira Filho, integrante da rede estadual de ensino. No segundo semestre do ano de 2001, o CETEB deu início às primeiras turmas dos cursos técnicos e, posteriormente, passou a representar o “modelo” de educação profissional das escolas estaduais baianas, no qual, o Ensino Profissional de Nível Técnico é destinado a proporcionar habilitação profissional aos alunos egressos do Ensino Médio. Nos cursos ofertados pelo CETEB, especialmente os da Área da Indústria, é nítida a presença do Desenho Técnico como componente curricular, apesar de muitas vezes este figurar com outras denominações. No contato com os alunos dos referidos cursos, percebemos que a dificuldade da grande maioria destes estudantes em assimilarem a linguagem do Desenho Técnico, reside principalmente na ausência de estudos preliminares, designadamente do Desenho Geométrico, bem como a falta de desenvolvimento da visão espacial, o que repercute na execução de exercícios voltados à leitura, interpretação e representação de figuras tridimensionais, a partir das vistas ortográficas, por exemplo. Um fato que nos chamou atenção durante as aulas de Desenho Técnico, ministradas especialmente nos cursos de Mecânica Industrial, Mecânica Automotiva e Eletromecânica no CETEB, foi o interesse e empenho demonstrado nas aulas pelos alunos que trabalhavam ou já tinham trabalhado em indústrias. Além de esforçarem-se para uma efetiva aprendizagem, percebíamos também a preocupação desses alunos em revelarem aos demais colegas a importância do domínio do Desenho Técnico para a formação profissional, respaldada na necessidade deste para a plena atuação no setor industrial, fato que não era verificado em turmas com outras características. Tomando por base a estruturação curricular dos cursos promovidos pelo CETEB de Feira de Santana, e que servem de orientação para as escolas técnicas estaduais da Bahia, não é difícil deduzir que tal realidade venha a manifestar-se em outras localidades do território baiano, demonstrando dessa forma, uma tendência positiva na valorização do Desenho Técnico neste nível educacional. Entretanto, a falta de acesso da maior parte desses estudantes ao estudo do Desenho, enquanto linguagem técnica, nas séries que compõem a Educação Básica, aliada à reduzida carga horária destinada a este componente curricular nos cursos técnicos, acabam por dificultar uma aprendizagem satisfatória destes estudantes, e que mais tarde terá desdobramentos que poderão contribuir de forma decisiva na sua qualificação profissional. Tal situação estabelece que o hiato existente entre a Educação Profissional e a Educação Básica, torna inadiável refletir acerca da necessidade de articulação entre elas, e neste panorama, o ensino e aprendizagem do Desenho. Segundo dados do último censo demográfico realizado no Brasil – CENSO 2000, existem aproximadamente 15.000.000 de cidadãos atuando na produção de bens e serviços industriais, e mais de quarenta por cento deste total apresenta de 4 a 7 anos de estudo, o que demonstra que o Brasil ainda detém um alto índice de trabalhadores que não tiveram acesso à educação de nível médio. Sabemos que as mutações na estruturação do ensino técnico profissionalizante no Brasil, desde a sua origem, refletem as transformações ocorridas no cenário político e econômico com desdobramentos nos âmbitos sociais e culturais. Hodiernamente verificamos que esta situação é agravada pela crise estrutural do capitalismo que se expressa como afirma Deluiz [7] (...) pelo esgotamento do padrão de acumulação taylorista/fordista; pela hipertrofia da esfera financeira na nova fase do processo de internacionalização do capital; por uma acirrada concorrência intercapitalista, com tendência crescente à desregulamentação dos mercados e da força de trabalho, resultantes da crise da organização assalariada do trabalho e do contrato social. Os resultados auferidos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE indicam que o Brasil apresenta o mais baixo nível de desenvolvimento humano (IDH) entre os países selecionados, e é uma das sociedades com maior desigualdade na distribuição de renda. O Relatório PISA 2000 [8] acrescenta ainda, que as disparidades econômicas “são reforçadas e reproduzidas através do tempo, em parte, devido ao acesso desigual à educação básica”. Uma das conseqüências dessa realidade está na dificuldade de inserção dos cidadãos pertencentes às classes menos favorecidas num mercado de trabalho que exige, cada vez mais, uma formação capaz de possibilitar as rápidas e freqüentes atualizações impostas pela dinâmica do mundo moderno. 4 Considerações Finais Diante dos fatos relatados, verificamos que, apesar de mais de cem anos depois dos discursos proferidos por Rui Barbosa, mantém-se no Brasil uma dependência tecnológica que parece subestimar a capacidade de autonomia de nosso povo na formulação de uma cultura material genuinamente brasileira. Percebemos ainda que, mesmo com a presença do Desenho registrado na história da educação brasileira e dos apelos extremamente fundamentados nas propostas de Rui Barbosa para o ensino e aprendizagem do Desenho na educação, o almejado salto histórico não se concretizou, pois mesmo diante de tais evidências, pode-se comprovar a resistência das escolas, especialmente da rede pública de ensino, em adequarem seus currículos de forma a atenderem às necessidades do universo estudantil a ela vinculada. Conforme expresso no Artigo 2º dos “Princípios e Fins da Educação Nacional, Título II” da LDB nº. 9.394/96, a educação “tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Em se tratando da educação das classes menos favorecidas, cuja esmagadora maioria pertencente à rede pública de ensino, a flexibilidade garantida na lei parece não estimular tais objetivos. Diferentemente do ensino público, em muitas escolas da rede privada, há a possibilidade de acesso dos alunos ao Desenho de linguagem técnica, ainda que por via do estudo da Geometria. Acreditamos que a possibilidade de aproximação de conhecimentos, como os relacionados ao Desenho Técnico, possam colaborar para uma sólida formação dos educandos com vistas, inclusive, à sua inserção no mercado de trabalho de forma menos desigual. Mais uma vez estamos diante de situações que, se bem estudadas e divulgadas, poderão dar suporte para fortalecer o nosso discurso de educadores conscientes, e do nosso papel na luta pela melhoria na qualidade da educação brasileira, salvaguardando o status do Desenho enquanto conhecimento necessário e indispensável para o desenvolvimento nacional. Diante das considerações e estudos levantados ao longo do presente artigo, reconhecendo o Desenho como um poderoso meio de evolução intelectual e artística, e do progresso educacional e industrial de uma nação, urge que se adentre cada vez mais no estudo sobre “o lugar o Desenho Técnico na educação profissional de nível médio”. Referências [1] GUIMARÃES, Leda Maria de Barros, Desenho, desígnio, desejo: sobre o ensino de desenho. Teresina: EDUFPI, p. 21, 1996. [2] GOMES, Luiz Vidal Negreiros. Desenhismo. 2.ed. Santa Maria: Ed. da Universidade Federal de Santa Maria, pp. 51- 60, 1996. [3] NAVEIRO, Ricardo Manfredi et al. Evolução e Atualidade do Porjeto. In: O Projeto de Engenharia, arquitetura e desenho industrial, Juiz de Fora: Ed da UFJF, p. 14, 2001. [4] BARBOSA, Rui. Desenho: Um revolucionador de idéias [120 anos de discurso brasileiro] / Rui Barbosa; diretor editorial Luiz Vidal Negreiros Gomes. Santa Maria: sCHDs Editora, 2004. [5] CUNHA, Luis Antônio. O ensino profissional na irradiação do industrialismo. São Paulo: Editora UINESP, Brasília DF, p. 35, 2000. [6] VICENTINO, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História para ensino médio: História geral e do Brasil: volume único. São Paulo: Scipione, p. 554, 2001. [7] DELUIZ, Neise. O Modelo das Competências Profissionais no Mundo do Trabalho e na Educação: Implicações para o currículo. Fonte: Boletim do SENAC-SP: Acesso em 03/03/2005. [8] PISA 2000. Relatório Nacional. Brasília, p. 27, 2001 Ana Rita Sulz de Almeida Campos UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Letras e Artes, Área de Artes, Subárea de Desenho sulz@uefs.br

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Mudar a forma de ensinar e de aprender com tecnologias

"Um indivíduo consegue hoje um diploma de curso superior sem nunca ter aprendido a comunicar-se, a resolver conflitos, a saber o que fazer com a raiva e outros sentimentos negativos" (Carl Rogers)

Educar é colaborar para que professores e alunos nas escolas e organizações - transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional - do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e de trabalho e tornar-se cidadãos realizados e produtivos.

Educamos de verdade quando aprendemos com cada coisa, pessoa ou idéia que vemos, ouvimos, sentimos, tocamos, experienciamos, lemos, compartilhamos e sonhamos; quando aprendemos em todos os espaços em que vivemos na família, na escola, no trabalho, no lazer, etc. Educamos aprendendo a integrar em novas sínteses o real e o imaginário; o presente e o passado olhando para o futuro; ciência, arte e técnica; razão e emoção.

De tudo, de qualquer situação, leitura ou pessoa podemos extrair alguma informação, experiência que nos pode ajudar a ampliar o nosso conhecimento, seja para confirmar o que já sabemos, seja para rejeitar determinadas visões de mundo

Na educação - nas organizações empresariais ou escolares - buscamos o equilíbrio entre a flexibilidade (que está ligada ao conceito de liberdade) e a organização (onde há hierarquia, normas, maior rigidez). Com a flexibilidade procuramos adaptar-nos às diferenças individuais, respeitar os diversos ritmos de aprendizagem, integrar as diferenças locais e os contextos culturais. Com a organização, buscamos gerenciar as divergências, os tempos, os conteúdos, os custos, estabelecemos os parâmetros fundamentais. Avançaremos mais se soubermos adaptar os programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano, com o inesperado, se transformarmos a sala de aula em uma comunidade de investigação.


Ensinar de formas diferentes para pessoas diferentes

Com a Internet estamos começando a ter que modificar a forma de ensinar e aprender tanto nos cursos presenciais como nos de educação continuada, a distância. Só vale a pena estarmos juntos fisicamente - num curso empresarial ou escolar - quando acontece algo significativo, quando aprendemos mais estando juntos do que pesquisando isoladamente nas nossas casas. Muitas formas de ensinar hoje não se justificam mais. Perdemos tempo demais, aprendemos muito pouco, nos desmotivamos continuamente. Tanto professores como alunos temos a clara sensação de que em muitas aulas convencionais perdemos muito tempo.

Podemos modificar a forma de ensinar e de aprender. Um ensinar mais compartilhado. Orientado, coordenado pelo professor, mas com profunda participação dos alunos, individual e grupalmente, onde as tecnologias nos ajudarão muito, principalmente as telemáticas.

Ensinar e aprender exigem hoje muito mais flexibilidade espaço-temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos e processos mais abertos de pesquisa e de comunicação. Uma das dificuldades atuais é conciliar a extensão da informação, a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua compreensão, em espaços menos rígidos, menos engessados. Temos informações demais e dificuldade em escolher quais são significativas para nós e conseguir integrá-las dentro da nossa mente e da nossa vida.

A aquisição da informação, dos dados dependerá cada vez menos do professor. As tecnologias podem trazer hoje dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor - o papel principal - é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los.

Aprender depende também do aluno, de que ele esteja pronto, maduro, para incorporar a real significação que essa informação tem para ele, para incorporá-la vivencialmente, emocionalmente. Enquanto a informação não fizer parte do contexto pessoal - intelectual e emocional - não se tornará verdadeiramente significativa, não será aprendida verdadeiramente.

Hoje temos um amplo conhecimento horizontal - sabemos um pouco de muitas coisas, um pouco de tudo. Falta-nos um conhecimento mais profundo, mais rico, mais integrado; o conhecimento diferente, desvendador, mais amplo em todas as dimensões.

Uma parte das nossas dificuldades em ensinar se deve também a mantermos no nível organizacional e interpessoal formas de gerenciamento autoritário, pessoas que não estão acompanhando profundamente as mudanças na educação, que buscam o sucesso imediato, o lucro fácil, o marketing como estratégia principal.

O professor é um facilitador, que procura ajudar a que cada um consiga avançar no processo de aprender. Mas tem os limites do conteúdo programático, do tempo de aula, das normas legais. Ele tem uma grande liberdade concreta, na forma de conseguir organizar o processo de ensino-aprendizagem, mas dentro dos parâmetros básicos previstos socialmente.

O aluno não é unicamente nosso cliente que escolhe o que quer. É um cidadão em desenvolvimento. Há uma interação entre as expectativas dos alunos, as expectativas institucionais e sociais e as possibilidades concretas de cada professor. O professor procura facilitar a fluência, a boa organização e adaptação do curso a cada aluno, mas há limites que todos levarão em consideração. A personalidade do professor é decisiva para o bom êxito do ensino-aprendizagem. Muitos não sabem explorar todas as potencialidades da interação.

Se temos que trabalhar com um grupo, não poderemos provavelmente preencher todas as expectativas individuais. Procuraremos encontrar o ponto de equilíbrio entre as expectativas sociais, as do grupo e as individuais. Quando há uma diferença intransponível entre as expectativas grupais e algumas expectativas individuais, incontornáveis a curto prazo, ainda assim, na educação, procuraremos adaptar flexivelmente as propostas, as técnicas, a avaliação (prazo maior, diferentes formas de avaliação). Somente no fim deste processo podemos julgar negativamente - reprovar o outro. É cômodo para o educador jogar sempre a culpa nos alunos, dizendo que não estão preparados, que são problemáticos. A criatividade está em encontrar formas de aproximação dos alunos às nossas propostas, à nossa pessoa.

Não podemos dar aula da mesma forma para alunos diferentes, para grupos com diferentes motivações. Precisamos adaptar nossa metodologia, nossas técnicas de comunicação a cada grupo. Tem alunos que estão prontos para aprender o que temos a oferecer. É a situação ideal, onde é fácil obter a sua colaboração. Alunos mais maduros, que necessitam daquele curso ou que escolheram aquela matéria livremente facilitam nosso trabalho, nos estimulam, colaboram mais facilmente.

Outros alunos, no início do curso podem estar distantes, mas sabendo chegar até eles, mostrando-nos abertos, confiantes e motivadores, sensibilizando-os para o que eles vão aprender no nosso curso, respondem bem e se dispõem a participar. A partir daí torna-se fácil ensinar.

Existem outros que não estão prontos, que são imaturos ou estão distantes das nossas propostas. Procuraremos aproximá-las o máximo que pudermos deles, partindo do que eles valorizam, do que para eles é importante. Mas se, mesmo assim, a resposta é fria, poderemos apelar para algumas formas de impor tarefas, prazos, avaliações mais freqüentes, de forma madura, mostrando que é pelo bem deles e não como forma de vingança nossa. O professor pode impor sem ser autoritário, sem humilhar, colocando as tarefas de forma clara, calma e justificada. A imposição é um último recurso do professor, não primeiro e único. Sempre que for possível, avançaremos mais pela interação, pela colaboração, pela pesquisa compartilhada do que pela imposição.


Transformar a aula em pesquisa e comunicação

Vejo as aulas nas organizações - como processos contínuos de comunicação e de pesquisa, onde vamos construindo o conhecimento em um equilíbrio entre o individual e o grupal, entre o professor-coordenador-facilitador e os alunos-participantes ativos. Aula-pesquisa, onde professor motiva, incentiva, dá os primeiros passos para sensibilizar o aluno para o valor do que vamos fazer, para a importância da participação do aluno neste processo. Aluno motivado e com participação ativa avança mais, facilita todo o nosso trabalho. Depois da sensibilização - verbal, audiovisual - o aluno - às vezes individualmente e outras em pequenos grupos - procura suas informações, faz a sua pesquisa na Internet, em livros, em contato com experiências significativas, com pessoas ligadas ao tema..

Os grandes temas da matéria são coordenados pelo professor, iniciados pelo professor, motivados pelo professor, mas pesquisados pelos alunos, às vezes todos simultaneamente; às vezes, em grupos; às vezes, individualmente.

Uma parte da pesquisa pode ser feita "ao vivo" (juntos fisicamente); outras, "off line" (cada um pesquisa no seu espaço e tempo preferidos). Ao vivo, o professor está atento às descobertas, às dúvidas, ao intercâmbio das informações (os alunos pesquisam, escolhem, imprimem), ao tratamento das informações. O professor ajuda, problematiza, incentiva, relaciona.

Ao mesmo tempo, o professor coordena as trocas, os alunos relatam suas descobertas, socializam suas dúvidas, mostram os resultados de pesquisa. Se possível, todos recebem uma seleção dos melhores materiais descobertos pelos alunos, junto com os do professor (textos impressos ou colocados a disposição pelo professor ou indicados em sites da Internet).

Os alunos levam para casa os textos, onde aprofundam a sua leitura, fazem novas sínteses, colocam os problemas que os textos suscitam, os relacionam com a sua realidade.

Essa pesquisa é comunicada em classe para os colegas e o professor procura ajudar a contextualizar, a ampliar o universo alcançado pelos alunos, a problematizar, a descobrir novos significados no conjunto das informações trazidas. Esse caminho de ida e volta, onde todos se envolvem, participam é fascinante, criativo, cheio de novidades e de avanços. O conhecimento que é elaborado a partir da própria experiência se torna muito mais forte e definitivo em nós.

Junto com a pesquisa coletiva, o professor incentiva a pesquisa individual ou projetos de grupo. Cada aluno -pessoalmente ou em dupla - escolhe um tema mais específico da matéria e que é do interesse também do aluno. Esse tema é pesquisado pelo aluno com orientação do professor. É apresentado à classe. É distribuído aos colegas. É divulgado na Internet.

É importante neste processo dinâmico de aprender pesquisando, utilizar todos os recursos, todas as técnicas possíveis por cada professor, por cada instituição, por cada classe. Vale a pena descobrir as competências dos alunos que temos em cada classe, que contribuições podem dar ao nosso curso. Não vamos impor um projeto fechado de curso, mas um programa com as grandes diretrizes delineadas e onde vamos construindo caminhos de aprendizagem em cada etapa, estando atentos - professor e alunos - para avançar da forma mais rica possível em cada momento.


Quando vale a pena encontrar-nos na sala de aula?

Iremos combinando daqui em diante cursos presenciais com virtuais, períodos de pesquisa mais individual com outros de pesquisa e comunicação conjunta. Alguns cursos poderemos fazê-los sozinhos com a orientação virtual de um tutor e em outros será importante compartilhar vivências, experiências, idéias.




Quando vale a pena encontrar-nos fisicamente numa sala de aula?

Como regra geral, no começo e no final de um novo tema, de um assunto importante. No início, para colocar esse tema dentro de um contexto maior, para motivar os alunos, para que percebam o que vamos pesquisar e para organizar como vamos pesquisá-lo. Os alunos, iniciados ao novo tema e motivados, o pesquisam, sob a supervisão do professor e voltam a aula depois de um tempo para trazer os resultados da pesquisa, para colocá-los em comum. É o momento final do processo, de trabalhar em cima do que os alunos apresentaram, de complementar, questionar, relacionar o tema com os demais.

Vale a pena encontrar-nos no início de um processo específico de aprendizagem e no final, na hora da troca, da contextualização. Uma parte das aulas pode ser substituída por acompanhamento, monitoramento de pesquisa, onde o professor dá subsídios para os alunos irem além das primeiras descobertas, para ajudá-los nas suas dúvidas. Isso pode ser feito pela Internet, por telefone ou pelo contato pessoal com o professor.

Na medida em que avançam as tecnologias de comunicação virtual, o conceito de presencialidade também se altera. Podemos ter professores externos compartilhando determinadas aulas, um professor de fora "entrando" por videoconferência na minha aula. Haverá um intercâmbio muito maior de professores, onde cada um colabora em algum ponto específico, muitas vezes a distância.

O conceito de curso, de aula também muda. Hoje entendemos por aula um espaço e tempo determinados. Esse tempo e espaço cada vez serão mais flexíveis. O professor continua "dando aula" quando está disponível para receber e responder mensagens dos alunos, quando cria uma lista de discussão e alimenta continuamente os alunos com textos, páginas da Internet, fora do horário específico da sua aula. Há uma possibilidade cada vez mais acentuada de estarmos todos presentes em muitos tempos e espaços diferentes, quando tanto professores quanto os alunos estão motivados e entendem a aula como pesquisa e intercâmbio, supervisionados, animados, incentivados pelo professor.

Poderemos também oferecer cursos predominantemente presenciais e outros predominantemente virtuais. Isso dependerá do tipo de matéria, das necessidades concretas de cobrir falta de profissionais em áreas específicas ou de aproveitar melhor especialistas de outras instituições que seria difícil contratar.


Educar o educador

De um professor espera-se, em primeiro lugar, que seja competente na sua especialidade, que conheça a matéria, que esteja atualizado. Em segundo lugar, que saiba comunicar-se com os seus alunos, motivá-los, explicar o conteúdo, manter o grupo atento, entrosado, cooperativo, produtivo.

Muitos se satisfazem em ser competentes no conteúdo de ensino, em dominar determinada área de conhecimento e em aprimorar-se nas técnicas de comunicação desse conteúdo. São os professores bem preparados, que prestam um serviço importante socialmente em troca de uma remuneração, em geral, mais baixa do que alta.

Na educação, escolar ou empresarial, precisamos de pessoas que sejam competentes em determinadas áreas de conhecimento, em comunicar esse conteúdo aos seus alunos, mas também que saibam interagir de forma mais rica, profunda, vivencial, facilitando a compreensão e a prática de formas autênticas de viver, de sentir, de aprender, de comunicar-se. Ao educar facilitamos, num clima de confiança, interações pessoais e grupais que ultrapassam o conteúdo para, através dele, ajudar a construir um referencial rico de conhecimento, de emoções e de práticas.

As mudanças na educação dependem, em primeiro lugar, de termos educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos.

Os grandes educadores atraem não só pelas suas idéias, mas pelo contato pessoal. Dentro ou fora da aula chamam a atenção. Há sempre algo surpreendente, diferente no que dizem, nas relações que estabelecem, na sua forma de olhar, na forma de comunicar-se. São um poço inesgotável de descobertas.

Enquanto isso, boa parte dos professores é previsível, não nos surpreende; repete fórmulas, sínteses.

O contato com educadores entusiasmados atrai, contagia, estimula, os torna próximos da maior parte dos alunos. Mesmo que não concordemos com todas as suas idéias, os respeitamos.

As primeiras reações que o bom professor e educador despertam no aluno são a confiança, a admiração e o entusiasmo. Isso facilita enormemente o processo de ensino-aprendizagem.

As mudanças na educação dependem também de termos administradores, diretores e coordenadores mais abertos, que entendam todas as dimensões que estão envolvidas no processo pedagógico, além das empresariais ligadas ao lucro; que apoiem os professores inovadores, que equilibrem o gerenciamento empresarial, tecnológico e o humano, contribuindo para que haja um ambiente de maior inovação, intercâmbio e comunicação.

As mudanças na educação dependem também dos alunos. Alunos curiosos, motivados, facilitam enormemente o processo, estimulam as melhores qualidades do professor, tornam-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do professor-educador.

Alunos motivados aprendem e ensinam, avançam mais, ajudam o professor a ajudá-los melhor. Alunos que provêm de famílias abertas, que apóiam as mudanças, que estimulam afetivamente os filhos, que desenvolvem ambientes culturalmente ricos, aprendem mais rapidamente, crescem mais confiantes e se tornam pessoas mais produtivas.


Educação para a autonomia e para a cooperação

A educação avança pouco - nas organizações empresariais e nas escolas - porque ainda estamos profundamente inseridos em organizações autoritárias, em processos de ensino e aprendizagem controladores, com educadores pouco livres, mal resolvidos, que repetem mais do que pesquisam, que impõem mais do que se comunicam, que não acreditam no seu próprio potencial nem no dos seus alunos, que desconhecem o quanto eles e seus alunos podem realizar!.

Um dos eixos das mudanças na educação passa pela transformação da educação em um processo de comunicação autêntica, aberta entre professores e alunos, principalmente, mas também incluindo administradores e a comunidade (todos os envolvidos no processo organizacional). Só vale a pena ser educador dentro de um contexto comunicacional participativo, interativo, vivencial. Só aprendemos profundamente dentro deste contexto. Não vale a pena ensinar dentro de estruturas autoritárias e ensinar de forma autoritária. Pode até ser mais eficiente a curto prazo - os alunos aprendem rapidamente determinados conteúdos programáticos - mas não aprendem a ser pessoas, a ser cidadãos.

Sei que parece uma ingenuidade falar de comunicação autêntica numa sociedade altamente competitiva, onde cada um se expõe até determinado ponto e, na maior parte das vezes, se esconde, em processos de comunicação aparentes, cheios de desconfiança, quando não de interações destrutivas. As organizações que quiserem evoluir terão que aprender a reeducar-se em ambientes mais significativos de confiança, de cooperação, de autenticidade. Isso as fará crescer mais, estar mais atentas às mudanças necessárias.

Com ou sem tecnologias avançadas podemos vivenciar processos participativos de compartilhamento de ensinar e aprender (poder distribuído) através da comunicação mais aberta, confiante, de motivação constante, de integração de todas as possibilidades da aula-pesquisa/aula-comunicação, num processo dinâmico e amplo de informação inovadora, reelaborada pessoalmente e em grupo, de integração do objeto de estudo em todas as dimensões pessoais: cognitivas, emotivas, sociais, éticas e utilizando todas as habilidades disponíveis do professor e do aluno.

É importante educar para a autonomia, para que cada um encontre o seu próprio ritmo de aprendizagem e, ao mesmo tempo, é importante educar para a cooperação, para aprender em grupo, para intercambiar idéias, participar de projetos, realizar pesquisas em conjunto.

Só podemos educar para a autonomia, para a liberdade com autonomia e liberdade. Uma das tarefas mais urgentes é educar o educador para uma nova relação no processo de ensinar e aprender, mais aberta, participativa, respeitosa do ritmo da cada aluno, das habilidades específicas de cada um.

O caminho para a autonomia acontece combinando equilibradamente a interação e a interiorização. Pela interação aprendemos, nos expressamos, confrontamos nossas experiências, idéias, realizações; pela interação buscamos ser aceitos, acolhidos pela sociedade, pelos colegas, por alguns grupos significativos. Pela interiorização fazemos a integração de tudo, das idéias, interações, realizações em nós, vamos encontrando nossa síntese, nossa identidade, nossa marca pessoal, nossa diferença.

A tecnologia nos propicia interações mais amplas, que combinam o presencial e o virtual. Somos solicitados continuamente a voltar-nos para fora, a distrair-nos, a copiar modelos externos, o que dificulta o processo de interiorização, de personalização. O educador precisa estar atento para utilizar a tecnologia como integração e não como distração ou fuga.

O educador autêntico é humilde e confiante. Mostra o que sabe e, ao mesmo tempo está atento ao que não sabe, ao novo. Mostra para o aluno a complexidade do aprender, a sua ignorância, suas dificuldades. Ensina, aprendendo a relativizar, a valorizar a diferença, a aceitar o provisório. Aprender é passar da incerteza a uma certeza provisória que dá lugar a novas descobertas e a novas sínteses.


Experiências pessoais de ensino utilizando a Internet

Venho desenvolvendo algumas experiências no ensino de graduação e de pós-graduação na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Criei uma página pessoal na Internet, no endereço www.eca.usp.br/prof/moran. Nela constam as disciplinas de pós-graduação - Redes eletrônicas na Educação e Novas Tecnologias para uma Nova Educação - e três de graduação - Novas Fronteiras da Televisão, Legislação e Ética do Radialismo e Mercadologia de Rádio e Televisão - com o programa e alguns textos meus e dos meus alunos. O roteiro básico é o seguinte: no começo do semestre, cada aluno escolhe um assunto específico dentro da matéria, vai pesquisando-o na Internet e na biblioteca. Ao mesmo tempo, pesquisamos também temas básicos do curso. O aluno apresenta os resultados da sua pesquisa específica na classe e depois pode divulgá-los, se quiser, através da Internet.

Disponho de duas salas de aula com dez computadores em uma e quatorze em outra, ligados à Internet por fibra ótica, para vinte alunos, em média. Utilizamos essa sala a cada duas ou três semanas. As outras aulas acontecem na sala convencional.

O fato de ver o seu nome na Internet e a possibilidade de divulgar os seus trabalhos e pesquisas, exerce uma forte motivação nos alunos, os estimula a participar mais em todas as atividades do curso. Enquanto preparam os trabalhos pessoais, vou desenvolvendo com eles algumas atividades.

Começamos com uma aula introdutória para os que não estão familiarizados com a Internet. Nela aprendemos a conhecer e a usar as principais ferramentas. Fazemos pesquisa livre, em vários programas de busca. Cadastramos a cada aluno para que tenha o seu e mail pessoal (na própria universidade ou em sites que oferecem endereços eletrônicos gratuitamente).

Num segundo momento, todos pesquisamos um tópico importante do programa. É importante sensibilizar o aluno antes para o que se quer conseguir neste momento, neste tópico. Se o aluno tem claro ou encontra valor no que vai pesquisar, o fará com mais rapidez e eficiência. O professor precisa estar atento, porque a tendência na Internet é para a dispersão fácil. O intercâmbio constante de resultados, a supervisão do professor podem ajudar a obter melhores resultados. Eles vão gravando os endereços, artigos e imagens mais interessantes em disquete e também fazem anotações escritas, com rápidos comentários sobre o que estão salvando. As descobertas mais importantes são comunicadas aos colegas. Imprimem os textos mais significativos. No final, os alunos comunicam os principais resultados da sua busca e encontramos os principais pontos de apoio para analisar o tema do dia. Professor e alunos relacionam as coincidências e divergências entre os resultados encontrados e as informações já conhecidas em reflexões anteriores, em livros e revistas.

O meu papel é o de acompanhar cada aluno
O meu papel é o de acompanhar cada aluno, incentivá-lo, resolver suas dúvidas, divulgar as melhores descobertas. As aulas na Internet se alternam com as aulas habituais, onde acrescentamos textos escritos, vídeos para aprofundar os temas pesquisados inicialmente na Internet. Posteriormente, cada aluno desenvolve um tema específico de pesquisa, que ele escolhe, conciliando o seu interesse pessoal e o da matéria. É interessante que os alunos escolham algum assunto dentro do programa que esteja mais próximo do que eles valorizam mais. Essas pesquisas podem ser realizadas dentro e fora do período de aula. Estou junto com eles, dando dicas, tirando dúvidas, anotando descobertas. Esses temas específicos são mais tarde apresentados em classe para os colegas. O professor complementa, questiona, relaciona essas apresentações com a matéria como um todo. Alguns alunos criam suas páginas pessoais e outros entregam somente os resultados das suas pesquisas para colocá-los na minha página.

Além das aulas, acontece um estimulante processo de comunicação virtual, junto com o presencial. Eles podem pesquisar em uma sala especial em qualquer horário, se houver máquinas livres. Os alunos me procuram mais para atendimento específico na minha sala, e também enviam mensagens eletrônicas. Como todos têm e-mail, envio com freqüência textos, endereços, idéias, sugestões em uma lista que crio para o curso. Isso estimula, principalmente na pós-graduação, o intercâmbio, a troca também entre colegas, a inserção de novos materiais trazidos pelos próprios alunos.

A navegação precisa de bom senso, gosto estético e intuição. Bom senso para não deter-se, diante de tantas possibilidades, em todas elas, sabendo selecionar, em rápidas comparações, as mais importantes. A intuição é um radar que vamos desenvolvendo de "clicar" o mouse nos links que nos levarão mais perto do que procuramos. A intuição nos leva a aprender por tentativa, acerto e erro. Às vezes passaremos bastante tempo sem achar algo importante e, de repente, se estivermos atentos, conseguiremos um artigo fundamental, uma página esclarecedora. O gosto estético nos ajuda a reconhecer e a apreciar páginas elaboradas com cuidado, com bom gosto, com integração de imagem e texto. Principalmente para os alunos, o estético é uma qualidade fundamental de atração. Uma página bem apresentada, com recursos atraentes, é imediatamente selecionada, pesquisada.

Ensinar utilizando a Internet exige uma forte dose de atenção do professor. Diante de tantas possibilidades de busca, a própria navegação se torna mais sedutora do que o necessário trabalho de interpretação. Os alunos tendem a dispersar-se diante de tantas conexões possíveis, de endereços dentro de outros endereços, de imagens e textos que se sucedem ininterruptamente. Tendem a acumular muitos textos, lugares, idéias, que ficam gravados, impressos, anotados. Colocam os dados em seqüência mais do que em confronto. Copiam os endereços, os artigos uns ao lado dos outros, sem a devida triagem.

Creio que isso se deve a uma primeira etapa de deslumbramento diante de tantas possibilidades que a Internet oferece. É mais atraente navegar, descobrir coisas novas do que analisá-las, compará-las, separando o que é essencial do acidental, hierarquizando idéias, assinalando coincidências e divergências. Por outro lado, isso reforça uma atitude consumista dos jovens diante da produção cultural audiovisual. Ver equivale, na cabeça de muitos, a compreender e há um certo ver superficial, rápido, guloso sem o devido tempo de reflexão, de aprofundamento, de cotejamento com outras leituras. Os alunos se impressionam primeiro com as páginas mais bonitas, que exibem mais imagens, animações, sons. As imagens animadas exercem um fascínio semelhante às do cinema, vídeo e televisão. Os lugares menos atraentes visualmente costumam ser deixados em segundo plano, o que acarreta, às vezes, perda de informações de grande valor.

A Internet é uma tecnologia que facilita a motivação dos alunos, pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. Essa motivação aumenta se o professor a faz em um clima de confiança, de abertura, de cordialidade com os alunos. Mais que a tecnologia o que facilita o processo de ensino-aprendizagem é a capacidade de comunicação autêntica do professor, de estabelecer relações de confiança com os seus alunos, pelo equilíbrio, competência e simpatia com que atua.

O aluno desenvolve a aprendizagem cooperativa, a pesquisa em grupo, a troca de resultados. A interação bem sucedida aumenta a aprendizagem. Em alguns casos há uma competição excessiva, monopólio de determinados alunos sobre o grupo. Mas, no conjunto, a cooperação prevalece.

A Internet ajuda a desenvolver a intuição, a flexibilidade mental, a adaptação a ritmos diferentes. A intuição, porque as informações vão sendo descobertas por acerto e erro, por conexões "escondidas". As conexões não são lineares, vão "linkando-se" por hipertextos, textos interconectados, mas ocultos, com inúmeras possibilidades diferentes de navegação. Desenvolve a flexibilidade, porque a maior parte das seqüências são imprevisíveis, abertas. A mesma pessoa costuma ter dificuldades em refazer a mesma navegação duas vezes. Ajuda na adaptação a ritmos diferentes: a Internet permite a pesquisa individual, em que cada aluno vai no seu próprio ritmo e a pesquisa em grupo, em que se desenvolve a aprendizagem colaborativa.

Na Internet também desenvolvemos formas novas de comunicação, principalmente escrita. Escrevemos de forma mais aberta, hipertextual, conectada, multilingüística, aproximando texto e imagem. Agora começamos a incorporar sons e imagens em movimento. A possibilidade de divulgar páginas pessoais e grupais na Internet gera uma grande motivação, visibilidade, responsabilidade para professores e alunos. Todos se esforçam por escrever bem, por comunicar melhor as suas idéias, para serem bem aceitos, para "não fazer feio". Alguns dos endereços mais interessantes ou visitados da Internet no Brasil são feitos por adolescentes ou jovens.

Outro resultado comum à maior parte dos projetos na Internet confirma a riqueza de interações que surgem, os contatos virtuais, as amizades, as trocas constantes com outros colegas, tanto por parte de professores como dos alunos. Os contatos virtuais se transformam, quando é possível, em presenciais. A comunicação afetiva, a criação de amigos em diferentes países se transforma em um grande resultado individual e coletivo dos projetos.


Alguns problemas no uso da Internet na educação

Há uma certa confusão entre informação e conhecimento. Temos muitos dados, muitas informações disponíveis. Na informação os dados estão organizados dentro de uma lógica, de um código, de uma estrutura determinada. Conhecer é integrar a informação no nosso referencial, no nosso paradigma, apropriando-a, tornando-a significativa para nós. O conhecimento não se passa, o conhecimento se cria, se constrói.

Alguns alunos não aceitam facilmente essa mudança na forma de ensinar e de aprender. Estão acostumados a receber tudo pronto do professor, e esperam que ele continue "dando aula", como sinônimo de ele falar e os alunos escutarem. Alguns professores também criticam essa nova forma, porque parece uma forma de não dar aula, de ficar "brincando" de aula...

Há facilidade de dispersão. Muitos alunos se perdem no emaranhado de possibilidades de navegação. Não procuram o que está combinado deixando-se arrastar para áreas de interesse pessoal. É fácil perder tempo com informações pouco significativas, ficando na periferia dos assuntos, sem aprofundá-los, sem integrá-los num paradigma consistente. Conhecer se dá ao filtrar, selecionar, comparar, avaliar, sintetizar, contextualizar o que é mais relevante, significativo.

Constato também a impaciência de muitos alunos por mudar de um endereço para outro. Essa impaciência os leva a aprofundar pouco as possibilidades que há em cada página encontrada. Os alunos, principalmente os mais jovens, "passeiam" pelas páginas da Internet, descobrindo muitas coisas interessantes, enquanto deixam por afobação outras tantas, tão ou mais importantes, de lado.


Conclusão

Podemos ensinar e aprender com programas que incluam o melhor da educação presencial com as novas formas de comunicação virtual. Há momentos em que vale a pena encontrar-nos fisicamente,- no começo e no final de um assunto ou de um curso. Há outros em que aprendemos mais estando cada um no seu espaço habitual, mas conectados com os demais colegas e professores, para intercâmbio constante, tornando real o conceito de educação permanente. Ensino a distância não é só um "fast-food" onde o aluno vai lá e se serve de algo pronto. Ensino a distância é ajudar os participantes a que equilibrem as necessidades e habilidades pessoais com a participação em grupos presenciais e virtuais onde avançamos rapidamente, trocamos experiências, dúvidas e resultados.

Tanto nos cursos convencionais como nos a distância teremos que aprender a lidar com a informação e o conhecimento de formas novas, pesquisando muito e comunicando-nos constantemente. Isso nos fará avançar mais rapidamente na compreensão integral dos assuntos específicos, integrando-os num contexto pessoal, emocional e intelectual mais rico e transformador. Assim poderemos aprender a mudar nossas idéias, sentimentos e valores onde se fizer necessário.

É importante sermos professores-educadores com um amadurecimento intelectual, emocional e comunicacional que facilite todo o processo de organização da aprendizagem. Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que valorizem mais a busca que o resultado pronto, o estímulo que a repreensão, o apoio que a crítica, capazes de estabelecer formas democráticas de pesquisa e de comunicação.

Necessitamos de muitas pessoas livres nas empresas e escolas que modifiquem as estruturas arcaicas, autoritárias do ensino escolar e gerencial -. Só pessoas livres, autônomas - ou em processo de libertação - podem educar para a liberdade, podem educar para a autonomia, podem transformar a sociedade. Só pessoas livres merecem o diploma de educador.

Faremos com as tecnologias mais avançadas o mesmo que fazemos conosco, com os outros, com a vida. Se somos pessoas abertas, as utilizaremos para comunicar-nos mais, para interagir melhor. Se somos pessoas fechadas, desconfiadas, utilizaremos as tecnologias de forma defensiva, superficial. Se somos pessoas autoritárias, utilizaremos as tecnologias para controlar, para aumentar o nosso poder. O poder de interação não está fundamentalmente nas tecnologias mas nas nossas mentes.

Ensinar com as novas mídias será uma revolução, se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos. Caso contrário conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem mexer no essencial. A Internet é um novo meio de comunicação, ainda incipiente, mas que pode ajudar-nos a rever, a ampliar e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e de aprender.




BIBLIOGRAFIA

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___________________. Leituras dos Meios de Comunicação. São Paulo, Ed. Pancast, 1993.

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SEABRA, Carlos. Usos da telemática na educação. In Acesso; Revista de Educação e Informática. São Paulo, v.5, n.10, p.4-11, julho, 1995.

Mudar a forma de ensinar e de aprender com tecnologias
Transformar as aulas em pesquisa e comunicação presencial-virtual



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José Manuel Moran
Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância

Texto que inspirou o capítulo primeiro do livro: MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos e BEHRENS, Marilda. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 16ª ed. Campinas: Papirus, 2009, p.11-65

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Mobilização na Reitoria do IF Baiano












No dia 31 de agosto a Seção Sindical de Catu promoveu um ato público na Reitoria do IF Baiano.


Houve uma passeata nas imediações da Avenida Paulo VI propocionado uma maior visibilidade ao movimento grevista que já dura 30 dias. Participaram os colegas da Reitoria, campus de Santa Inês e Guanambi, além dos colegas do IF Bahia. Valeu!!!!!!






terça-feira, 23 de agosto de 2011

Quem Educa esse País merece RESPEITO

Os primeiros resultados da greve e a necessidade de radicalização Chegamos ao 22º dia de uma greve muito forte na base do SINASEFE, com mais de 180 campi paralisados. A FASUBRA ultrapassou 60 dias em greve, e após o ANDES-SN aprovar um indicativo de greve, o governo se articulou para tentar desmobilizar uma possível unidade na greve do setor da Educação Federal.


A manobra utilizada foi a apresentação de uma proposta para os Docentes de toda Rede Federal de Ensino, o que demonstra claramente os ganhos e a pressão política da nossas greves.


A proposta apresentada é rebaixada quanto a números e prazos, não alcança sequer a inflação do segundo semestre de 2010 e tem a previsão de sua implementação efetiva apenas para março de 2012. Entretanto, a proposta apresenta duas questões importantes que sempre consideramos em nossos debates: reajusta linearmente o vencimento básico e a RT dos docentes; e estabelece o fim das gratificações na remuneração docente, diminuindo para duas o número de linhas nos contracheques (Vencimento Básico e RT).


Tal recuo em relação à política remuneratória a partir das gratificações e a valorização (mesmo que mínima) do vencimento básico demonstra o temor do governo quanto ao que nosso movimento pode construir e alcançar. Ou seja, é possível arrancar outros resultados, estendendo os avanços dessa negociação para mais itens das nossas pautas e também ampliando para os técnicoadministrativos a negociação que, a princípio, só está acontecendo para Docentes.


Nossa 102ª PLENA debateu esses e outros pontos relativos à greve e o tom predominante foi de que devemos radicalizar nosso movimento para abrir já as negociações. Temos que mostrar à sociedade que o governo não quer negociar com as entidades e que não está aberto ao diálogo e que, portanto, essa greve continua somente por tal intransigência. É preciso deixar bem claroque para a greve acabar temos que ser recebidos pelo governo, iniciando efetivamente as negociaçõesque possam por fim ao nosso movimento de greve.


E para alcançarmos os nossos objetivos temos que nos manter firmes na construção e radicalização da Greve, bem como na resistência aos ataques que sofreremos neste próximo período. Devemos também buscar a unidade na greve com a FASUBRA e a ampliação dessa parceria com o ANDES, bem como com outros setores do Serviço Público Federal que ainda não definiram sua entrada na Greve.


Neste próximo dia 24 de agosto poderemos ter um novo marco na mobilização dos trabalhadores (as) contra a política do governo, e isso poderá dar inclusive um novo gás ao nosso movimento e às greves que estão em curso. Para tanto devemos dedicar esforços para virmos a manifestação na Esplanada dos Ministérios, bem como todo tipo de manifestações e atividades que procurem divulgar nossas reivindicações e cobrar e denunciar o governo pela intransigência em não negociar as Greves de SINASEFE e FASUBRA.


Todos às ruas e à greve!

sábado, 23 de julho de 2011

Curso no campus de Teixeira de Freitas



















Nos dias 19, 20 e 21 de julho 2011, participei junto com a professora Silvana (campus Teixeira) de um treinamento em topografia e cartografia para os alunos de floresta e integrado de agropecuária . O curso foi bastante prático, sendo que os alunos tiveram treinamentos de campo e laboratório de informática. Vários equipamentos de agrimensura foram utilizados nesse curso tais como: bússola topográfica, teodolito, estação total, nível de precisão, GPS e software topográfico. Uma das práticas mais apreciadas pelos alunos foi a "Caça ao tesouro", que consiste em localizar um determinado ponto inserindo as coordenadas geográficas no GPS, utilizando a função Go To.



Gostaria de parabenizar os alunos pela responsabilidade e dedicação que tiveram durante o curso. E ao mesmo tempo agradecer aos colegas do campus pelo apoio dado durante minha estadia.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Turma de Agrimensura visita oeste baiano











































Nos dias 07, 08, 09 e 10 de Junho a primeira turma de agrimensura do Campus Catu, visitou o extremo oeste da Bahia. O principal objetivo desta visita, foi complementar a carga horária da disciplina Agricultura de Precisão (AP) e realizar aulas práticas de campo com uso de novas tecnologias. A visita foi feita à Empresa Kobra Agrícola, que nos deu todo suporte técnico, disponibilizando as informações necessárias, com seus equipamentos de última geração e uma demonstração de com se pratica a Agricultura de Precisão. Além do suporte técnico a empresa nos forneceu estadia em hotel com as refeições. Vale também salientar, o profissionalismo dos técnicos da empresa na organização da visita, pois todo o planejamento foi rigorosamente cumprido. Agradecimento em especial ao Eng Agrônomo Ângelo, Eng Agrônoma Yong ,Eng Agrônomo Fábio da empresa ADUBAR e o Técnico em Mecanização André que gentilmente nos passaram as informações necessárias ao aprendizado dos nossos alunos.







Os alunos aproveitaram o máximo a visita, com aulas teóricas e práticas de campo, além de verificarem os implementos e máquinas agrícolas de alta precisão.







Esta visita foi um desafio para a disciplina que ministro no curso de agrimensura, pois na nossa região não existem empresas que adotem as técnicas da AP, dai se fez necessário este deslocamento.








A viagem ocorreu dentro da normalidade com um total de 17 alunos, além dos motoristas Gilmar e Brás, que aproveito para agradecer ao apoio.








Espero ter aberto um caminho que julgo promissor, não só para as turmas de agrimensura, mais também para outros cursos que desejem visitar o oeste da Bahia, com certeza irá valer a pena.









A única coisa que realmente ficou a desejar foi o apoio da direção antes e durante a viagem, pois em nenhum momento fui procurado para saber como estava os preparativos e muito menos durante a mesma. Em se tratando de um deslocamento de mais de 1.000Km esperava-se um apoio dos diretores do Campus.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Curso sobre Georreferenciamento Aplicado a Estudos Ecológicos





















Ministrei, durante os dias 04, 05 e 06 de maio de 2011 um curso sobre georreferenciamento aplicado a estudos ecológicos para alunos do curso de biologia da uneb campus Alagoinhas. Foi um curso bastante prático com uso de GPS de navegação e topográfico. A principal função deste treinamento foi colaborar com a empresa júnior Verde dos alunos do curso de biologia, que demostraram um grande profissionalismo na organização deste evento. Parabéns a equipe organizadora, foi um prazer muito grande participa deste treinamento. Que o exemplo dessa empresa júnior seja copiado por outros alunos.